sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Relacionamentos sociais são mais importantes para a felicidade do que o dinheiro, dizem especialistas

Da redação

Recentemente, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou dados da Sondagem do Bem-Estar mostrando que quanto mais alta a renda do brasileiro, maior a posição no ranking da satisfação com a vida. Entretanto, as pesquisas internacionais que estudam a felicidade mostram que o dinheiro só traz felicidade, quando tira as pessoas da pobreza extrema para a classe média. Deste ponto em diante, o dinheiro tem pouca relação com a felicidade e com o nível de satisfação com a vida.

Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm se preocupado em desvendar as relações entre felicidade e saúde mental. Segundo o psicólogo Ed Diener, que passou os últimos 30 anos estudando a felicidade, quanto mais a pessoa se liga aos valores e bens materiais, à aparência física e ao status, menor será seu índice de felicidade.

Renda X felicidade
De acordo com a psicóloga, neuropsicóloga e cofundadora da Estar Saúde Mental, Carolina Marques, em países como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo, na medida em que a renda aumentou, os níveis de felicidade diminuíram. Apesar de o dinheiro ser um meio para satisfazer as necessidades básicas, a busca por uma renda maior pode minar a felicidade e a satisfação com a vida.

“Notamos que mesmo com o aumento da renda, a felicidade não cresce na mesma proporção. Pelo contrário, hoje a depressão já é a segunda causa de afastamento do trabalho, o número de suicídios entre os jovens aumentou, as crianças estão apresentando precocemente transtornos psiquiátricos e o estresse já atinge 70% da população economicamente ativa no Brasil”, diz Carolina.

As chaves para a felicidade
Os estudos sobre a felicidade ao longo dos anos têm apontado diversos fatores para aumentar a felicidade e o nível de satisfação com a vida. Porém, dois são considerados a base por serem mais duradouros que os demais: vínculos sociais fortes e ter um propósito para se dedicar. Mas, para Carolina, ao contrário, estamos vivendo um empobrecimento das relações sociais muito preocupante, e este pode ser um fator diretamente ligado à queda dos níveis da felicidade.  


 A Receita da felicidade
Segundo o geneticista David Lykken, da Universidade de Minnesota (EUA), 50% de satisfação com a vida é genética. Mas estudos posteriores ao de Lykken mostraram que mesmo que os genes não ajudem, a felicidade pode ser cultivada e foi assim que surgiu a chamada psicologia positiva.

“Mesmo que a pessoa tenha uma predisposição genética para a tristeza ou para a negatividade, é possível treinar o cérebro para ser feliz e satisfeito com a vida. Além de estabelecer vínculos afetivos fortes com amigos e familiares, podemos colocar em prática outros comportamentos que podem nos ajudar a alcançar a felicidade”, explica Carolina.

Dicas para ser mais feliz:

1. Pratique a gratidão: A gratidão aumenta nosso grau de satisfação com a vida, nos mantêm positivos e com a autoestima elevada. Isso porque ativa o sistema de recompensa do cérebro e desencadeia uma “explosão” de neurotransmissores capazes de proporcionar sensação de bem-estar, prazer e tranquilidade. É um verdadeiro antídoto contra as emoções negativas.

2. Seja bondoso e altruísta: Um estudo feito pela Universidade de Stanford (EUA) mostrou que pessoas que ajudam ao próximo são mais felizes, especialmente se não contarem a ninguém e não esperarem nada em troca. Isso porque o altruísmo promove o desenvolvimento do senso de significado para a vida e ativa o sistema de recompensa do cérebro.

3. Faça  massagem: A massagem é capaz de reduzir em até 31% os níveis de cortisol, segundo um estudo do Instituto de Pesquisas do Toque da Universidade de Miami (EUA). A massagem aumenta os níveis da serotonina e da dopamina, hormônios relacionados ao prazer e bem-estar.

4. Respiração: Vivemos na era do instantâneo, do imediato e isso gera consequências no funcionamento do organismo. Uma técnica importante para acalmar o corpo e voltar ao normal depois de um evento estressante é praticar a respiração diafragmática, que ajuda a diminuir os níveis de cortisol restaurando o equilíbrio do corpo e da mente.

5. Medite: Uma pesquisa da Universidade da Califórnia (UCLA), em 2009, constatou que a meditação aumenta a capacidade de cultivar emoções positivas, manter-se equilibrado, reduzir o nível de estresse e estimular o bom funcionamento do sistema imunológico. Também influencia nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar.

6. Encontre seus pontos fortes e expresse-os: Podemos desperdiçar muito tempo tentando consertar nossas fraquezas e isso é ruim para o nível de satisfação com a vida. Em vez disso, procure identificar quais são seus pontos fortes e suas melhores competências. A partir daí, procure sempre colocá-las em prática.

7. Ache seu propósito: Já dizia Nietzsche: quem tem um “porquê” para viver pode lidar com qualquer “como”. A sensação de contribuir para algo importante traz significado para a vida

“Acredito que a discussão sobre a felicidade é muito importante. Essa pesquisa da FGV nos faz lembrar que o dinheiro é importante, porém, a felicidade é um fenômeno predominantemente subjetivo, estando subordinada mais a traços de temperamento e postura perante a vida do que à  renda. Temos outros pontos mais relevantes que precisamos prestar atenção se realmente desejamos ser felizes e satisfeitos com a vida. Como vimos nas pesquisas globais sobre o assunto, a felicidade não está nos bens materiais, e sim nas relações sociais e nos pequenos detalhes do nosso dia a dia. Cabe a nós despertarmos a tempo e dar valor ao que realmente importa”, conclui Carolina.




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