Da redação
Cílios longos, postiços ou alongados estão em alta na moda. Basta uma olhada nas redes sociais, ou pessoalmente, para ver mulheres com cílios fartos. Não há como negar a marcante valorização do olhar. Mas será que é seguro? Na opinião do oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, há um exagero no uso dos cílios postiços, o que pode afetar a saúde ocular.
Conjuntivite química e lesões de gravidade variável podem ocorrer em técnicas de alongamento dos fios, segundo oftalmologista Renato Neves | Foto: reprodução |
“A altura normal dos cílios corresponde a um terço, mais ou menos, da altura dos olhos. Isso permite que os cílios exerçam o papel de proteger os olhos da poluição e ainda evita a evaporação que pode levar ao ressecamento ocular. Quando você dobra o volume de pelos, não só na quantidade como também na altura, você está claramente interferindo na saúde ocular”, explica Neves.
O médico cita um estudo do Georgia Institute of Technology, nos Estados Unidos, em que foi constatado que essa relação do comprimento dos cílios com a altura dos olhos, entre uma pálpebra e outra, está presente em 22 espécies de mamíferos, além do homem. “A natureza é sábia. Esse comprimento permite ao olho receber ar e umidade na medida certa, sendo protegido pelos cílios do excesso de poluição/poeira, sol, e outras partículas que poderiam agredir o cristalino. Já o uso excessivo de cílios mais longos e mais fartos pode comprometer a visão, impedindo a necessária circulação de ar e promovendo o ressecamento e a irritação dos olhos”.
Com relação à curvatura dos cílios, o médico explica que a genética desempenha papel fundamental. “Geralmente, as pessoas têm entre 90 e 160 cílios na base da pálpebra superior, divididos em grupos, e outros 80 na inferior. A curvatura é naturalmente programada para que eles se toquem, durante mais de 20 mil piscadas diárias, sem que um interfira no outro. Quando os cílios são obrigados a ‘suportar’ o peso dos fios artificiais, ainda que eles sejam artificialmente curvos, o peso faz com que eles se toquem de forma diferente, podendo grudar, entortar e, posteriormente, arranhar a visão. Isso sem mencionar o risco, que correm algumas pacientes, de se submeter à técnica que usa cola para fazer o prolongamento fio a fio. Nestes casos, a paciente corre risco de uma conjuntivite química e, inclusive, de lesões de gravidade variável”, finaliza.
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