segunda-feira, 12 de março de 2018

Cerca de 7 milhões de brasileiras sofrem por causa da endometriose

Da redação

Março é o mês de conscientização sobre a endometriose, uma doença que afeta mais de 15% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil. Embora o assunto tenha ganhado muita repercussão depois de declarações de uma atriz americana, ainda há muitas dúvidas e mitos acerca da condição. O ginecologista e obstetra Fernando Guastella, com especialização em exames por imagem para endometriose e professor do Cetrus, diz diagnosticar pelo menos dez pacientes por semana com endometriose. Segundo a Organização Mundial de Saúde cerca de 7 milhões de brasileiras possuem a doença, o que a torna uma questão de saúde pública.

A endometriose pode ser confundida com cólica | Foto: reprodução
O dia a dia conturbado tem relação direta com o aumento do número de mulheres com este diagnóstico. "Estilo de vida com muito estresse, uma alimentação desequilibrada e a opção por uma gestação tardia são fatores que influenciam no surgimento da endometriose. É um problema biológico individual e tem relação genética, mas os fatores ambientais também contribuem. Hoje entre 5 e 15% das mulheres em idade reprodutiva têm endometriose", explica Guastella.

A doença
Endometriose é o desprendimento do tecido que reveste o útero, que pode grudar em outros órgãos causando desconforto e dores fortes, especialmente durante o período menstrual. Cerca de 70% das mulheres possuem lesões na região retrocervical, ou seja, na parte atrás do colo do útero; 40% no intestino; 30% na vagina e cerca de 10% na bexiga. É comum que as pacientes possuam mais de um local do corpo acometido.

Prevenção
De acordo com o especialista o ideal é prevenir para que a doença não atinja estágios mais avançados. Sendo assim, os exames periódicos são fundamentais. Tão importante quanto o acompanhamento é contar com um profissional capacitado para identificação da doença. Por exemplo, em estágio inicial é difícil detectar a endometriose, mas há sintomas que justificam um estudo mais aprofundado seja feito.

Tanto a ultrassonografia transvaginal quanto a ressonância magnética não conseguem detectar a doença na fase superficial, pois a lesão não invade de maneira significativa o peritônio, ou seja, o tecido de revestimento da cavidade abdominal que recobre tanto a parede abdominal, quanto as vísceras (órgãos da cavidade abdominal como intestino e bexiga). Isso dificulta bastante a identificação. No entanto, para os outros casos Guastella afirma que a ultrassonografia é a ferramenta mais eficaz neste processo. "Em 95% dos casos o ultrassom realizado por profissional capacitado para detectar endometriose, consegue diagnosticar a doença e quando sinaliza o diagnóstico tem 100% de acerto. Por isso, a ida com frequência ao médico é tão importante", reforça o ginecologista.

Sinais de alerta
Mais comum do que se imagina, a endometriose acomete muitas mulheres e pode ser detectada em algumas situações, ainda em estágio inicial. "O sintoma mais frequentemente encontrado em pacientes com endometriose é a dor pélvica, tipo cólica. Geralmente essa dor é no período menstrual e vai aumentando gradativamente com a evolução da doença", reforça o ginecologista.
"O controle do sintoma é realizado mais fácil quando o diagnóstico é precoce", completa. Veja alguns sinais de alerta listados pelo especialista:

Nunca teve cólica e passou a ter;
Sempre teve cólica, mas as dores pioraram muito;
Sente dor durante a relação sexual;
Diarreia e dor para evacuar no período menstrual;
Dor ao urinar no período menstrual;
Independentemente dos sintomas de dor, se apresentar dificuldades para engravidar.

Diagnóstico
Quando o diagnóstico é precoce há o tratamento medicamentoso para agir diretamente na dor e o cirúrgico que é para retirar o foco da doença – que tem chances de aparecer novamente. A doença alcança estágios mais profundos entre os 30 e 35 anos. Mas há adolescentes com endometriose.

Mitos x Verdade

A mulher com endometriose não pode engravidar.
Mito. A mulher com endometriose pode engravidar sim. Guastella diz que algumas mulheres com endometriose apresentam maior probabilidade de ter dificuldades para engravidar. Existem muitas mulheres com endometriose que não apresentam infertilidade. Quanto mais grave for a doença, maior será a probabilidade da dificuldade em engravidar. Caso a paciente não consiga engravidar espontaneamente, poderá ser realizada fertilização em vitro ou cirurgia.

Endometriose é câncer.
Mito. A endometriose não é uma doença que pode levar à morte.

A endometriose pode ser confundida com cólica. 
Verdade. Um dos sinais da endometriose é uma dor que pode ser confundida com cólica menstrual.

Endometriose tem tratamento
Verdade. Há o tratamento medicamentoso para solucionar a dor e o cirúrgico que irá retirar a endometriose, que poderá estar em órgãos como o colo uterino, intestino, bexiga e vagina, por exemplo.



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