quinta-feira, 26 de julho de 2018

Maternidade tardia: psicóloga avalia esta realidade

Da redação

Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mães com idades entre 30 e 34 anos aumentou de 14,4%, em 2001, para 18,3% em 2010. Se há 30 anos era incomum ver uma mulher tendo filhos depois dos 35, hoje a maternidade nessa faixa etária é uma realidade. Só em São Paulo, de acordo com dados da Fundação Seade, 35,4% das mães têm entre 30 e 39 anos.

Em São Paulo, 35,4% das mães têm entre 30 e 39 anos | Foto: reprodução  
Para a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal, as razões que levam as mulheres a adiarem a maternidade são diversas e estão ligadas às mudanças sociais, econômicas e às conquistas das mulheres nas últimas décadas. Marina realizou sua tese de Mestrado no assunto, “Mulheres e Maternidade Tardia: Por que agora?”.

“Uma das questões envolvidas em adiar a maternidade é que, atualmente, a maioria das mulheres costuma dedicar mais energia para a vida acadêmica e profissional, com menos foco nos relacionamentos. Na ânsia de se firmar na profissão e ter alguma estabilidade financeira, acabam deixando de lado os planos de se casar e ter filhos para mais tarde”, conta Marina.

Hoje as mulheres experimentam e valorizam diferentes papéis. Como há diversas possibilidades, o que não acontecia há 40, 50 anos, surgem conflitos pelos quais nossas mães e avós não passaram, por exemplo.

Maternidade e vida profissional 
“O principal conflito da mulher hoje é ser levada a pensar que precisa fazer escolhas, pois existe a crença de que maternidade e a vida profissional não podem ser conciliadas. Ou ainda que a partir do momento que você é mãe, pode perder seu status profissional, emprego ou ter que deixar a vida profissional de lado para cuidar da criança”, conta Marina.

Para Marina, pode até não ser a tarefa mais fácil do mundo, mas é possível ter filhos e trabalhar sim. Certemente, uma rede de apoio como, por exemplo, uma babá, berçário e ajuda de familiares facilita a maternidade e vida profissional.

A psicóloga também explica que, talvez, seja necessário mudar de trabalho, reduzir a carga horária nos anos iniciais da criança e dividir as tarefas com o parceiro para vivenciar a maternidade. Apesar dos desafios, Marina comenta que estudos revelam que mulheres que trabalham e têm filhos sofrem menos de depressão do que mulheres sem filhos que estão fora do mercado de trabalho, por exemplo.

Relógio biológico
Outra questão importante da maternidade tardia é o relógio biológico da mulher, pois diferentemente dos homens, que podem ter filhos até o final da vida, a idade reprodutiva da mulher é restrita. A partir dos 35 anos, a taxa de fertilidade é reduzida drasticamente e isso impacta na chance de engravidar naturalmente.

“A idade é o principal fator de risco para a infertilidade, para problemas na gravidez, para abortos espontâneos, assim como para anomalias genéticas. Outro ponto é que apesar dos avanços da Reprodução Assistida, cada tentativa de fazer uma Fertilização in Vitro (FIV) pode custar, em média, de R$ 15 a 20 mil e a chance de dar certo aos 40 anos é de cerca de 20%", diz a psicóloga.

E vale dizer que quanto maior a idade, menor a probabilidade de a gestação acontecer, mesmo com os recursos da reprodução assistida, como o congelamento de óvulos ou de embriões.

Escolha consciente 
Para Marina, é preciso encorajar as mulheres a fazerem suas escolhas, de acordo com suas próprias decisões e valores e não baseadas em modismos ou em crenças pregadas pela sociedade. A maternidade deve ser uma escolha consciente. Para as mulheres que estão passando por este conflito, é possível usar a psicoterapia para ajudar a refletir sobre a questão.

“A terapia de casal ou individual também colabora na construção de novos significados, a rever crenças, modelos e a questionar as prioridades e escolhas. Pode colaborar ainda na opção de congelamento de óvulos, de embrião ou na compra de esperma, se essa mulher quer ter um filho sozinha ou por uma questão de infertilidade do casal”, conclui Marina.



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