Apesar de o índice de obesidade ser semelhante entre mulheres (19,6%) e homens (18,1%), de acordo com o último relatório do Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, o número de mulheres que procuram por cirurgia bariátrica no Brasil é muito maior. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), dos 105.642 procedimentos realizados, em 2017, no País, 75% foram em mulheres.
Bariátrica é indicada a pacientes com IMC de 35 a 40, com doenças causadas pela obesidade, ou IMC superior a 40 | Foto: Freepik |
O cirurgião ressalta, no entanto, que os problemas causados pela obesidade são os mesmos em homens e mulheres. “A obesidade é uma doença grave e está relacionada a muitas outras doenças, como diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol, triglicérides, com alto risco cardiovascular”, explica. “Portanto, ela não só prejudica a qualidade de vida do paciente como também reduz sua expectativa de vida”, complementa Concon Filho.
Mas, de acordo com o cirurgião, não é qualquer pessoa obesa que pode ser submetida a uma cirurgia bariátrica. “Nós seguimos um protocolo internacional para a indicação deste procedimento. O paciente precisa ter IMC (Índice de Massa Corpórea) acima de 40 ou IMC de 35 a 40, mas, neste caso, com doenças causadas pela obesidade. Além disso, precisa comprovar que já tentou, por pelo menos dois anos, emagrecer com outros tipos de tratamento. Fora isso, é necessário o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada pelo cirurgião, nutricionista, endocrinologista e psicólogo, entre outros”, diz.
De acordo com a SBCBM, o Brasil tem 4,9 milhões de pessoas com indicação para a cirurgia bariátrica. Deste total, 1,07 milhão estão no Estado de São Paulo. Uma pessoa é considerada obesa quando seu IMC é superior a 30. No Brasil, há 39,2 milhões de pessoas nessa situação. Em 2006, eram 21,5 milhões. Portanto, em 10 anos, o número de obesos cresceu 60%. Já o sobrepeso (acima de IMC 25) atinge 111,7 milhões de pessoas.
A obesidade é uma doença multifatorial, com impactos clínicos, sociais e econômicos. Estima-se que de 2% a 7% de todos os gastos com saúde são destinados à prevenção ou tratamento da obesidade. No Brasil, ela chega a custar 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
O especialista comenta ainda que há estimativas que apenas 2% das pessoas com indicação de cirurgia sejam de fato operadas, por vários motivos: falta de acesso, falta de informações e até por medo. “Hoje a cirurgia bariátrica é muito segura. Os riscos são equivalentes à retirada da vesícula ou a uma cesárea. A obesidade oferece muitos mais riscos que a cirurgia ao paciente”, finaliza o médico.
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