terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Pacientes que sobrevivem ao câncer adotam hábitos mais saudáveis, aponta estudo do Inca

Da Redação

Na solenidade do Dia Mundial do Câncer, em 4 de fevereiro, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde divulgam na sede do instituto no Rio de Janeiro os resultados do estudo Compreendendo a Sobrevivência ao Câncer na América Latina: Os casos do Brasil, que busca entender experiências e identificar necessidades de indivíduos que sobreviveram ao câncer e também de seus familiares/cuidadores.

Estudo foi apresentado no último dia 4 na sede do Inca, no Rio de Janeiro | Foto: Carlos Leite/Inca
O estudo tem uma abordagem qualitativa e aprofundou temas ligados à sobrevivência em entrevistas com pacientes e familiares. Uma das principais conclusões é que a maioria dos participantes reavaliou seu estilo de vida e muitos optaram por comportamentos mais saudáveis. Pacientes e familiares relataram mudanças na alimentação com a adoção de dietas mais saudáveis, dentro das suas realidades. Eles também contaram que começaram a praticar exercícios físicos e passaram a fazer exames médicos periódicos.

Então, os pesquisadores atribuem as mudanças à experiência do diagnóstico e tratamento do câncer que, apesar de causar angústia e sofrimento, conduz a um processo de reformulação de valores e comportamentos. Além da adoção de um estilo de vida mais saudável, eles relataram que também redefiniram o que e quem, de fato, importa em suas vidas.

Os pesquisadores brasileiros entrevistaram 47 indivíduos diagnosticados há pelo menos 12 meses com câncer de próstata, mama, colo do útero e Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) e 12 familiares/cuidadores, em hospitais das redes pública e privada no Rio de Janeiro e em Fortaleza em 2014 e 2015.

Já o termo "sobrevivência ao câncer" foi introduzido em 1985 pelo médico americano Fitzhugh Mullan e inicialmente incluía apenas pacientes e ex-pacientes. Posteriormente, foram incorporados neste grupo os cuidadores, que geralmente são pessoas da família.

A médica epidemiologista Liz Almeida, chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do INCA e coordenadora executiva do estudo, comenta o estudo. "A boa notícia é que temos hoje melhores tecnologias disponíveis para o diagnóstico e o tratamento do câncer. O desafio agora é que precisamos nos preparar para atender o imenso contingente de pessoas que sobreviveram à doença, mas que podem ter sequelas físicas e emocionais tanto do câncer quanto do tratamento. Este grupo já é uma das grandes preocupações das redes de saúde em países desenvolvidos, situação para qual o Brasil caminha a passos largos," afirma.

O Inca estima a ocorrência, em 2019, de 68.220 novos casos de câncer de próstata, 59.700 de mama, 16.370 de colo do útero e 10.800 de leucemias. A sobrevida mediana estimada para estas doenças para o período de 2010-2014 foi de 92% para o câncer de próstata, 75% para mama, 60% para colo do útero e 66% para LLA na infância.

Grande parte dos entrevistados reclamou da dificuldade de acesso a informações e da falta de um modelo específico de cuidados para os indivíduos acometidos pelo câncer. Após o tratamento, os pacientes são acompanhados por, pelo menos, cinco anos. Se não houver mais sinais da doença, o paciente retorna à clínica de origem com orientações.

O estudo apontou uma importante demanda de suporte emocional por parte dos sobreviventes. Neste quesito, a principal carência é entre os familiares/acompanhantes, que não contam com atendimento psicológico, algo que atualmente é oferecido somente aos pacientes.

Sobre o aspecto emocional, a pesquisa também evidenciou o estreitamento dos laços afetivos entre pacientes e familiares, após a descoberta da doença. Os sobreviventes relatam ainda que receberam importantes manifestações de apoio e solidariedade vindas de grupos familiares e religiosos, colegas de trabalho e profissionais de saúde.

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