quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Transtorno do estresse pós-traumático pode durar anos

Da Redação

Segundo um relatório da Pesquisa sobre a Saúde Mental das Famílias Atingidas pelo rompimento da Barragem do Fundão em Mariana - MG (Prismma), que aconteceu em 2015, 12% da população adulta afetada pelo acontecimento preencheu critérios para o chamado Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT). A pesquisa, apresentada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que 83% das crianças e adolescentes analisados ainda demonstraram sintomas do transtorno, após três anos do ocorrido.

Frio na barriga', taquicardia, sudorese e dificuldade para respirar são sinais comuns no transtorno do estresse pós-traumático | Foto: Freepik
A condição é explicada pelo psiquiatra da Clínica Maia, Ygor Czovny. "A pessoa vítima de transtorno do estresse pós-traumático  revive com muita frequência o momento do trauma e, com isso, o sistema nervoso central dispara uma sequência de estímulos e neurotransmissores, que faz com que ela sinta exatamente tudo como no momento do evento. 'Frio na barriga', taquicardia, sudorese e dificuldade para respirar são sinais comuns e podem ser um alerta", esclarece.

O sintomas do problema podem ser divididos em revivescência, com pesadelos e lembranças do evento traumático, involuntárias e recorrentes (flashbacks); distanciamento emocional: falta de interesse e afetividade; hiperexcitabilidade psíquica: fuga, episódios de pânico (coração acelerado, medo de morrer), alterações no sono, dificuldade de concentração, estado de alerta e até mesmo irritabilidade; sentimentos de impotência e incapacidade: desesperança em relação ao futuro, sensação de vazio.

"A doença pode, ainda, favorecer o desenvolvimento de outras síndromes, já que ela causa uma 'cascata' de sintomas, pelo fato de o corpo ficar extremamente acelerado e em alerta. Dessa maneira, a insônia, por exemplo, costuma ser um sintoma bem comum nesse cenário. Podem ocorrer também dores musculares e cefaleia", destaca o médico. E, de fato, mais da metade dos entrevistados no estudo em Mariana (52%) relatou problemas com o sono.

O especialista explica que, com esta condição, o corpo pode entender que precisa ficar acordado para ter o controle de tudo, há uma tensão muscular muito grande que dificulta o relaxamento. Por isso, verificar as funções da tireoide e a dosagem de hormônios no geral, como o hormônio cortisol (hormônio do estresse), faz parte do diagnóstico do TEPT.

O tratamento precisa ser efetivo e rápido, com medicações específicas que auxiliam na mudança do estado psíquico traumatizado. A abordagem da psicoterapia é também essencial. O acompanhamento deve ser contínuo, já que o transtorno do estresse pós-traumático pode se estabelecer por anos após o trauma.

"Muitas vezes, são prescritos, ainda, remédios para sintomas de ansiedade e algumas recomendações como atividades de respiração, meditação e relaxamento. A informação também é essencial, pois muitos podem estar sofrendo com os sintomas da doença sem saber que se trata de um transtorno. Brumadinho, por exemplo, é um evento que pode retratar isso com muitos detalhes. É fato que naquela região, infelizmente, inúmeras pessoas já estão ou abrirão quadros de TEPT. E, nesses casos, é preciso buscar ajuda o quanto antes de um médico psiquiatra, para que o profissional possa, junto com o suporte psicológico, auxiliar no melhor tratamento para o paciente", finaliza.

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