terça-feira, 16 de outubro de 2018

Ministério da Saúde recomenda 12 passos para uma alimentação saudável na infância

Da Redação

O novo Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos, do Ministério da Saúde esteve em consulta pública até 25 de agosto. Conforme descrito no próprio guia, ele “traz recomendações e informações sobre como alimentar a criança para promover saúde e desenvolvimento para que alcance todo o seu potencial”. Assim, é possível esclarecer dúvidas, obter explicações fundamentadas e orientações sobre o aleitamento materno e a alimentação na infância.

Não ofereça açúcar à criança até dois anos de idade | Foto: Freepik
Essas recomendações são voltadas para a família, em linguagem acessível e de forma prática. A versão online ainda é provisória, mas vale a pena ressaltar, de forma resumida, algumas mudanças apresentadas nos novos “Doze passos para uma alimentação saudável”.

O pediatra e homeopata Moises Chencinski comenta: “Não precisamos esperar a sua publicação oficial para dedicarmos atenção a esses 12 itens (antes eram dez) que podem, também como está no guia, trazer orientações resumidas para amamentar e alimentar corretamente a criança, com dicas que abrangem também toda a família”.

Amamentar até dois anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses

O leite materno é muito importante para a criança até dois anos ou mais, sendo o único alimento que a criança deve receber até 6 meses, sem necessidade de água, chá ou qualquer outro alimento. Começar a amamentação logo após o nascimento, na primeira hora de vida, traz benefícios para a criança e para a mãe.

“A composição do leite materno é única, personalizada e atende as necessidades nutricionais da criança conforme a sua idade, protege contra doenças na infância e na vida adulta, ajuda o desenvolvimento do cérebro e fortalece o vínculo entre mãe e criança. A existência de uma rede de apoio à mãe que amamenta é importante para o sucesso da amamentação”, afirma o pediatra.

Oferecer outros alimentos, além do leite materno, a partir dos 6 meses

O consumo de outros alimentos além do leite materno passa a ser necessário para o pleno crescimento e desenvolvimento da criança. Ofereça refeições preparadas com alimentos in natura e minimamente processados e continue amamentando até os dois anos ou mais.

O número de refeições ao longo do dia e a quantidade de alimentos oferecidos devem aumentar conforme a criança cresce para suprir suas necessidades. “Essas refeições podem ser dadas cerca de três vezes ao dia aos 6 meses, quatro vezes ao dia, entre sete e 11 meses, e cinco vezes ao dia, a partir dos 12 meses, podendo variar em função do apetite e da rotina da família. Ao completar um ano a criança já deve estar fazendo as principais refeições com a família (café da manhã, almoço e jantar), além de lanches/merenda e do leite materno”, diz o médico.

Oferecer água para o consumo, ao invés de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas

Água é alimento e deve fazer parte do hábito alimentar, desde o início da oferta dos outros alimentos. A água é essencial para a hidratação da criança e não deve ser substituída por nenhum líquido, como chá ou suco, muito menos refrigerante ou outras bebidas ultraprocessadas.

Alimentar a criança com alimentos in natura e minimamente processados

A alimentação da criança deve ser composta por comida de verdade, isto é, refeições feitas com alimentos in natura e minimamente processados de diferentes grupos (por exemplo feijões, cereais, raízes e tubérculos, frutas, legumes e verduras, carnes).

“Refeições com maior variedade de alimentos são as mais adequadas e saudáveis para a criança e toda a família. Varie a oferta de alimentos ao longo do dia e ao longo da semana”, orienta o pediatra.


Oferecer a comida na consistência espessa quando a criança começar a comer outros alimentos, além do leite materno

A comida com consistência espessa é a adequada à criança e contribui para seu desenvolvimento, além de conter mais energia e nutrientes. A mastigação estimula o desenvolvimento da face e dos ossos da cabeça. Desde o início o alimento deve ser espesso o suficiente para não “escorrer” da colher. No início, amassar os alimentos apenas com o garfo e picar bem os alimentos mais duros, como carnes, é o bastante.

 “Para deixar na consistência adequada, não bata no liquidificador e nem peneire os alimentos. Nos meses seguintes, amasse cada vez menos e comece a oferecê-los em pedaços pequenos. Por volta de um ano, a criança estará preparada para comer os alimentos com a mesma consistência da família”, explica Chencinski.

Não oferecer açúcar à criança até dois anos de idade

O consumo de açúcar não é necessário e causa danos à saúde como cáries, obesidade e doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer. Além disso, acostumar a criança desde cedo ao sabor excessivamente doce pode causar dificuldade de aceitação dos alimentos in natura e minimamente processado.

“Não inclua na alimentação da criança nem mel, nem açúcar de qualquer tipo (mascavo, demerara, cristal ou refinado (“branco”) rapadura, melaço), nem ofereça preparações e produtos prontos que contenham algum desses ingredientes. Os adoçantes (em pó ou líquido) também não devem ser usados na alimentação da criança até dois anos, pois contém substâncias químicas não adequadas nesta fase da vida”, alerta o pediatra.

Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança

Esses alimentos são pobres em nutrientes e contêm muito sal, gordura e açúcar, além de aditivos, como adoçantes, corantes e conservantes. O consumo desses alimentos pode levar a problemas como hipertensão, doenças do coração, diabetes, obesidade, cárie dentária e câncer. Eles também geram impactos no meio ambiente, tanto no seu processo de fabricação nas indústrias como na geração de lixo das embalagens, e na cultura alimentar, por restringir as práticas alimentares das famílias.

Cozinhar para a família e para a criança a mesma comida, com alimentos in natura e minimamente processados

A chegada de uma criança é a chance de melhorar a alimentação de toda a família. Preparar a mesma comida para todos, com alimentos in natura e minimamente processados, sem excesso de gordura, sal e condimentos, agiliza o dia a dia na cozinha e é uma oportunidade de oferecer uma alimentação adequada e saudável à família e à criança.

“Planejar a alimentação da semana, organizar as compras para ter os alimentos em casa e usar técnicas como congelar parte dos alimentos são estratégias que facilitam o cozinhar e garantem comida de verdade todos os dias e em todas as refeições”, observa Chencinski.

Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas, aprendizado e afeto

A criança desde cedo é capaz de comunicar quando quer se alimentar, ou quando já está satisfeita. Os sinais de fome e saciedade devem ser reconhecidos e respondidos de forma ativa e carinhosa. Alimentar a criança é um processo que demanda paciência e tempo. Estimule a criança a comer, mas sem forçá-la, nem mesmo quando ela estiver doente.

 “Além da comida que vai no prato, o modo como ela é dada à criança também é importante. Dê atenção à criança e evite distrações como televisão, celular, computador ou tablet nesta hora, pois podem dispersar a criança, tirando o foco do alimento em seu momento. O prazer da alimentação está nos sabores, odores e na forma como a comida é oferecida”, afirma o pediatra.

Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança

Cuidados com a alimentação e a higiene previnem doenças na criança e na família. “Lave as mãos sempre que for cozinhar, alimentar, cuidar da criança, depois de usar o banheiro, de trocar a fralda e de realizar outras tarefas no cuidado da casa. Quando a criança for comer, também lave as mãos dela”, recomenda Chencinski.


Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa

É possível manter a alimentação saudável fora de casa. Em passeios, festas e quando for às consultas com a equipe de saúde, continue ofertando os alimentos que a criança come em casa, pois alimentos in natura ou minimamente processados podem ficar até 2 horas em temperatura ambiente. Mesmo o almoço e o jantar podem ser levados em recipientes térmicos. “Informe-se sobre os alimentos ofertados em creches e outros espaços de cuidado da criança e converse a respeito da prática de uma alimentação adequada e saudável com as pessoas envolvidas nesse cuidado”, afirma o pediatra.


Proteger a criança da publicidade de alimentos

A criança facilmente confunde a realidade, programas televisivos e publicidade, não sabendo distinguir um do outro. Isto ocorre porque ela não tem desenvolvida a capacidade de julgamento e decisão e confunde a realidade com a ficção da publicidade. “É crucial que ela seja protegida, evitando ao máximo a sua exposição à publicidade. Este é um dever de todos. Crianças menores de dois anos não devem utilizar televisão, celular, computador e tablet”, recomenda o médico.


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