quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Metade dos casos de transtorno mental surge até os 14 anos de idade

Da Redação

A campanha Janeiro Branco faz um alerta importante: é preciso conscientizar a população sobre a importância da saúde mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil possui a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade em todo o mundo. No ranking da depressão, o país está em quinto lugar. O problema pode ter origem ainda na infância e adolescência, pois de acordo com a entidade, metade dos casos de transtorno mental surge até os 14 anos de idade, mas, infelizmente, a maioria não é diagnosticada ou tratada.

O Brasil possui a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade em todo o mundo, segundo OMS | Imagem: reprodução
Para a psicóloga da Clínica Maia Jussara Cavalcanti - especialista em atendimento e acolhimento infantil, adolescente e familiar – as mudanças sociais interferem nesta situação: "Dia a dia, vemos cada vez mais casos de jovens com transtornos mentais, vítimas de depressão profunda, praticantes de automutilação, ideação e tentativas de suicídio recorrentes, assim como envolvimento com álcool e outras drogas. O avanço tecnológico e as mudanças nos hábitos familiares e sociais têm parte nisso. Criaram-se padrões irreais e inalcançáveis que, muitas vezes, levam os jovens a um estresse intenso e frustrações frequentes".

Segundo a profissional, as redes sociais, por exemplo, que ao mesmo tempo permitem aproximar as pessoas, geram uma exposição muito grande, criam um mundo de felicidade irreal e uma busca incessante em alcançá-la. O bullying, inclusive, é também uma consequência disso.

Com isso, as principais síndromes ligadas ao mundo moderno e ao período inicial de vida incluem depressão, que pode ser identificada por comportamentos de isolamento e problemas com autoestima, tristeza recorrente, falta de energia, angústia e um vazio interior; transtorno de ansiedade, caracterizado por insônia, irritabilidade exacerbada, tensão, dores estomacais, medo, agitação, dificuldade em concentrar-se; transtornos alimentares, que podem ser observados através de alterações na alimentação e preocupação exagerada com o peso/corpo, na tentativa de atingir padrões de beleza.

"A fobia social também é comum na adolescência. O jovem tem dificuldade em participar de atividades sociais e busca manter-se isolado em casa, demonstrando medo e insegurança nestas ocasiões. Ele pode apresentar sintomas como agonia, taquicardia, dificuldade em respirar, suor intenso, ente outros fatores. Há também o transtorno desafiador e/ou de conduta, que pode ser confundido com rebeldia da adolescência, mas é importante notar alguns sinais característicos da síndrome: dificuldade em lidar com normas e regras, impulsividade, agressividade, hostilidade, desrespeito à autoridade, irritabilidade, mentiras, roubos, manipulação e colocar-se em situações de risco", esclarece Jussara.

O fato de o diagnóstico ainda ser um problema para a saúde mental, e até mesmo um tabu, causa prejuízos sérios, pois uma síndrome não diagnosticada e não tratada pode comprometer todo o desenvolvimento familiar, social, escolar e profissional da criança/adolescente.

"Um adulto que sofre com uma saúde mental debilitada e não cuidada se torna inseguro, despreparado, sem amor próprio e com dificuldades em lidar com situações do cotidiano, (desde as mais simples até as mais complexas), podendo até mesmo comprometer a própria vida, já que muitos deles enxergam no suicídio uma forma de suprimir a dor", alerta a psicóloga.

Para ela, é vital o papel dos pais, familiares e professores no que diz respeito à atenção quanto aos sinais manifestados pela criança em seu desenvolvimento. Comportamentos agressivos, explosões diante de situações do cotidiano, agitação, distúrbios de sono, de aprendizagem e de socialização são alguns dos sintomas que necessitam de atenção profissional especializada, para um diagnóstico e acompanhamento correto. Uma vez constatado o problema, é fundamental que o jovem passe por um atendimento psicológico contínuo.




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