Notícia publicada no portal do Ministério da Saúde, em 7 de janeiro, informa que soluções a base de soja, de proteínas hidrolisadas e de aminoácidos serão subsidiadas pelo governo federal e distribuídas pelo SUS, para crianças até dois anos de idade com diagnóstico de alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Essa proposta deve entrar em vigor em até 180 dias, ainda em 2019. O pediatra e homeopata Moises Chencinski comenta este fato e orienta como prevenir esta situação.
Pediatra ressalta a importância da amamentação até os dois anos de idade, para prevenir a alergia à proteína do leite de vaca | Foto: Freepik |
O médico comenta ainda que, antigamente, esta situação não era comum. E avalia as possíveis causas para tanta alergia ao leite da vaca:
1º As vacas podem ter mudado. Sua alimentação mudou. As vacinas, o acompanhamento, seu local de confinamento hoje são diferentes;
2º - O leite das vacas pode ter mudado. Se imaginarmos os pastos de hoje, com agrotóxicos, com fertilizantes e a composição das rações, podemos visualizar essa diferença;
3º - Nós podemos ter mudado. A cada década temos novas doenças aparecendo, novos remédios, alimentos novos, mais estímulos que nos diferenciam radicalmente da geração de nossos pais e de nossos avós.
Podemos ficar sem leite?
Segundo o pediatra, não dá para adequar as necessidades de cálcio (presente o leite) apenas na alimentação, sem o leite. Nesse caso, seria necessário recorrer às farmácias para suplementação medicamentosa.
O leite de vaca tem em 100 ml – 125 mg de cálcio / 66 calorias / 3,9 mg de gordura. Vegetais não têm e não oferecem a composição e os nutrientes obtidos de um leite de mamífero. Mesmo que a quantidade de cálcio contida nos "leites" de gergelim (875 mg em 100 gramas) e amêndoa (237 mg / 100 g) pudessem ajudar nessa oferta, a quantidade de gordura contida neles é imensa (gergelim- 50,4 g /100 g; amêndoas – 47,3 g /100 g) e as calorias também (gergelim – 584 cal / 100 g; amêndoas - 581 cal / 100 g). Contas feitas sem contar a fração real de absorção (biodisponibilidade).
Assim, Chencinski recomenda que, em crianças com APLV, se tiver que ser feita a mudança da fonte de oferta de cálcio mais ampla, é fundamental:
1. Manter, sempre que possível, o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e complementado até dois anos ou mais, com restrição de leite e derivados da alimentação da lactante;
2. Não se "substitui" o leite de vaca por bebidas à base de vegetal;
3. Procurar o pediatra para uma orientação adequada;
4. Procurar a orientação de um nutricionista experiente na área para minimizar as deficiências provocadas pela mudança alimentar e para a adequação de nutrientes e micronutrientes da dieta da criança;
5. Não substituir leite de vaca por outros leites animais (cabra, égua, por exemplo), pois sua composição é semelhante aos da vaca;
6. "Leite" (bebida vegetal à base) de soja pode ser iniciado apenas após o sexto mês de vida (existe a isoflavona em sua composição que é uma substância que tem ação semelhante ao estrógeno – hormônio sexual feminino).
"Tanto meninos como meninas podem consumir "leite de soja", após o sexto mês, sob orientação e acompanhamento pediátricos adequados, e não há aumento de risco de aparecimento de mamas em homens ou câncer em mulheres (os medos mais comuns). Todo exagero é ruim e prejudicial. Por isso, é importante o cuidado. E o ‘leite’ de soja pode ser uma boa opção para crianças com APLV ou IL (Intolerância à lactose) acima dos seis meses", finaliza o médico.
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