O zumbido nas ouvidos pode estar relacionado à perda de audição. Com o dia a dia, cada vez mais, barulhento, as dificuldades de audição não atingem apenas os idosos. A surdez, mesmo que ainda leve, está se tornando também um problema dos jovens. A comprovação disso está no aumento do índice de zumbido entre os adolescentes, um dos sintomas da perda auditiva. Esta foi a constatação da pesquisa "Prevalência e causas de zumbido em adolescentes de classe média/alta", realizada pela Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
A exposição ao som intenso e frequente, acima de 85 decibéis, pode provocar danos irreversíveis à audição com o passar do tempo | Foto: Freepik |
Em novembro, mês da Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido, a constatação de que o índice de jovens com zumbido vem crescendo acende o alerta, principalmente em razão do uso diário dos fones de ouvido. Muitos ainda escutam a música em volumes ensurdecedores, o que piora o quadro, segundo a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.
"Há uma relação direta entre eles escutarem música em alto volume e o zumbido. Os males à audição causados pelo uso frequente dos fones podem variar, mas é preciso estar atento", alerta Marcella.
A especialista em audiologia explica que a perda auditiva tem efeito cumulativo, e vai se agravando ao longo do tempo. "Dependendo da frequência, do tempo de exposição ao som elevado e da predisposição genética, o indivíduo pode sofrer danos auditivos cada vez mais severos, de forma contínua e elevada ao longo da vida", explica a fonoaudióloga.
Durante a pesquisa foram feitos testes auditivos em 170 adolescentes na faixa de 11 a 17 anos. Cerca de 95% relataram ouvir música com os fones. Desses, 77% assumiram que deixam o volume alto, e ao serem questionados se já tinham tido zumbido nos últimos 12 meses, 54,7% disseram que sim. Destes, 51% relataram que sentiram zumbido logo após usar fone de ouvido por muito tempo ou ao saírem de um ambiente muito barulhento.
Testes auditivos também revelaram que 28,8% desses adolescentes sentiram zumbido em níveis comparados aos de adultos. O mais alarmante é que esses jovens disseram não se incomodar com o ruído e, por conta disso, não falaram sobre o problema com seus pais, nem procuraram ajuda médica.
"Quanto mais cedo for detectada a perda auditiva, melhor. Recomendo a todos que usam fones de ouvido que façam uma avaliação chamada audiometria. É o exame que revela se o paciente já tem perda auditiva e como deve proceder, a partir daí, para evitar o agravamento do problema", aconselha a fonoaudióloga.
A exposição ao som intenso e frequente, acima de 85 decibéis, pode provocar danos irreversíveis à audição com o passar do tempo. Se as pessoas continuarem se expondo a níveis elevados de ruído poderão começar a apresentar perda de audição muito cedo, entre 30 e 40 anos. Intensidades de 80 a 90 decibéis já aumentam o risco de uma lesão na cóclea, que é o órgão dentro da orelha responsável pela audição.
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