segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Após 50 anos de sua primeira montagem, Roda Viva terá nova temporada

Da Redação

Criado coletivamente por quase 2000 artistas, o Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona completa 60 anos em 2018. Resistente, segue apostando na paixão popular que sagrou as encenações de Roda Viva (Chico Buarque, 1968) e O Rei da Vela (Oswald de Andrade, 1967) em novas montagens que contam com realização do Sesc São Paulo e Itaú Cultural / Auditório Ibirapuera - Oscar Niemeyer.

Chico Buarque durante ensaio da primeira montagem do Roda Viva | Foto: Divulgação 

Após curtíssima temporada no Sesc Pompeia (6 a 9 de dezembro), Roda Viva estreia no Teat(r)o Oficina em 23 de dezembro, às 14h30, no âmbito da celebração dos 31 anos da Ethernidade de Luís Antônio Martinez Correa – rito anual realizado pela companhia há mais de duas décadas, em exaltação à vida e à memória do diretor de teatro, dramaturgo, tradutor, ator, professor e irmão de José Celso Martinez Correa, assassinado no Rio de Janeiro em 1987, vítima de um crime de homofobia – e permanece em cartaz até 10 de fevereiro, com seções de sexta a domingo, incluindo datas especiais, como Natal, virada de ano e aniversário da cidade de São Paulo.

O Rei da Vela, peça escrita em 1933 – período de ascensão do fascismo, do nazismo e do stalinismo –, foi publicada em 1937 e encenada pela primeira vez em 1967. Em um movimento inédito de artistas que não haviam se encontrado anteriormente, a encenação foi responsável pelo impulso descolonizador da tropicália antropófaga, anunciando o transe da terra em 1968, ano em que fez nascer o coro de teatro ainda desconhecido: o Coro de Roda Viva.

Chico Buarque de Holanda escreveu Roda Viva depois de assistir ao espetáculo O Rei da Vela. A peça de 1967, que revolucionou a encenação teatral no país, é considerada pela crítica como a primeira encenação essencialmente brasileira, pois acrescentou em sua montagem elementos antiliterários da cultura nacional: circo, revista, literatura surreal, carnaval; a chanchada, a anarquia, o deboche.

Roda Viva é compreendida como uma resposta, ou uma proposta alternativa de continuidade para a peça de Oswald de Andrade encenada por Zé Celso, que foi quem o jovem Chico Buarque, com 24 anos, convidou para encenar seu primeiro texto teatral, junto ao cenógrafo e figurinista Flávio Império.

E foi no final de 1967 e início de 1968 que o Coro de Roda Viva transformou radicalmente o Teat(r)o Oficina. A multidão que tomou o espaço do protagonismo era uma geração que trazia em si o anseio por todas as revoluções.

Inaugurou-se ali a linguagem coral no teatro brasileiro, um retorno aos ritos, aos dityrambos gregos, à prélógica indígena, da descolonização e radicalização do fazer teatral em plena ditadura militar no Brasil, em pleno nascimento da Tropicália, movimento cultural antropófago.

Se em 1968 o coro de Roda Viva quebrou a quarta parede entre palco e plateia, misturando e modificando o moderno teatro brasileiro e, consequentemente, o teatro contemporâneo, hoje, 50 anos depois, a bola do coro de 68 foi recebida pelo coro de 2018, com a incumbência de quebrar todas as paredes, em escala urbana. A religação do povo com a cultura e da cultura com o povo.

"Stamos inspirados pra contracenar com estes tempos.


Anarcos coroados, bárbaros tecnizados contracenado com a democracia da oposição y o estranho estado frankstein sendo fabricado pela situação, além do além, isto é, aqui agora. Vivemos a emoção de criar teatro pra todos humanos. A luta da arte ao vivo q é o teatro, é a mesma de todxs q querem viver a vida ao vivo; em liberdade; sem a captura pela máquina de matrix implantada pelo modus vivendi do capitali$mo robótico; sem perestroika empresalista". Zé Celso.


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