*Por Tatiana Pimenta
Ciclo menstrual, apesar de ser algo comum, pode ser um grande mistério para boa parte das mulheres, que ainda desconhecem suas fases e como elas afetam as emoções.
De repente, como se fosse do dia para a noite, seu humor está diferente. Você se sente mais sensível e ao mesmo tempo mais irritada. Sente necessidade de comer doces a toda hora, mas também se culpa por só querer alimentos não muito saudáveis - isso é o seu ciclo menstrual em ação.
Temida por uns, entendida por outros, a famosa TPM (Tensão Pré-menstrual) anuncia sua chegada. Entretanto, o corpo feminino e sua atividade cerebral não são apenas afetados durante esse período. Ao longo de todo o mês, nossos corpos e mentes sentem os efeitos do ciclo menstrual. É sobre isso que vamos falar aqui.
As fases do ciclo menstrual
Muito mais do que cólicas, alteração no apetite e outros sintomas físicos, as alterações químicas que ocorrem durante todo o ciclo menstrual são capazes de afetar nossas emoções e, inclusive, interferir na capacidade de concentração, raciocínio e convívio social.
É importante entender que não se trata apenas da TPM, que ocorre alguns dias antes da menstruação e,sim, de três fases que formam esse ciclo: fase folicular, ovulatória e lútea. Veja a seguir como o corpo e a mente da mulher se comportam em cada uma delas:
Fase folicular: a fase do "sentir-se bem"
A fase folicular do seu ciclo começa no dia em que se inicia a menstruação. Em geral, ele dura entre 10 e 14 dias. Durante esse tempo, o hormônio estradiol começa a subir.
Nessa fase, o hormônio folículo-estimulante (FSH) é secretado, estimulando a produção de folículos nos ovários que contêm óvulos. É provável que este seja o seu momento "feliz" do mês, pois essas duas semanas são geralmente boas, emocionalmente falando, comparadas com o que você sente em relação ao final do ciclo.
Quando estamos na fase folicular do ciclo menstrual, podemos exibir uma atividade cerebral positiva maior. Ficamos mais estimuladas a trabalhar e fazer atividades estressantes sem sentir tanto o peso delas, já que o aumento de estradiol ajuda a conter os efeitos dos hormônios do estresse - adrenalina e cortisol - e isso também ajuda a preservar um humor mais feliz.
Fase ovulatória: a fase do "sentir-se sexy"
Durante a fase ovulatória, uma substância chamada hormônio luteinizante aumenta. Esse hormônio estimula a liberação do óvulo nas trompas de falópio para que seja fertilizado. É o que chamamos de "período fértil".
O estradiol está presente em quantidades significativas na época da ovulação e pode interagir com outros hormônios para aumentar sua libido. Na fase ovulatória, o estradiol torna-se uma espécie de insulina. Então, a insulina diz ao organismo para liberar mais testosterona e é justamente esse um dos hormônios que regulam o desejo sexual . Para alguns especialistas, essa pode ser a maneira natural que o organismo tem de incentivar as mulheres a fazer sexo durante o seu período mais fértil.
É nessa fase, também, que podemos nos sentir mais propensas a comprar roupas, maquiagens, ir ao esteticista, etc. Ou seja, tudo que está disponível no mercado para que nos sintamos mais atraentes salta aos nossos olhos e passa a ser considerado necessário.
Fase lútea: a TPM
Após a ovulação, o folículo vazio - que antes continha o óvulo - começa a secretar o hormônio progesterona para engrossar o revestimento do útero e prepará-lo para a possível implantação de um embrião.
À medida que os níveis de progesterona aumentam, podemos começar a nos sentir mais mal-humoradas. Isso acontece porque a progesterona ajuda o corpo a produzir cortisol, um hormônio que tende ser mais presente em pessoas estressadas ou que leva a um quadro de estresse, quando suas quantidades são elevadas.
Se os níveis de cortisol já estiverem alterados por causa de fatores externos, como uma semana de trabalho agitada, por exemplo, a progesterona pode causar um excesso prejudicial de cortisol no organismo.
E é aí que a avalanche de sentimentos vem e pode fazer com que você precise buscar algum conforto para se sentir melhor. O mais comum desses "pequenos confortos" é o chocolate, que quase todas as mulheres consomem nesses dias meio chatos.
Durante a TPM, podemos apresentar vários comportamentos, mas os mais conhecidos são: tristeza, mudanças repentinas de humor, crises de choro, irritabilidade, pouco ou muito sono, dificuldade de concentração, raciocínio lento, desinteresse em atividades cotidianas, cansaço físico e mental e falta de energia.
Ciclo menstrual e seus sintomas
Entre os sintomas mais clássicos estão as dores de cabeça, cólicas, enjoos, queda de pressão e inchaço devido à retenção de líquidos. Durante essa fase estamos muito mais propensas a ingerir alimentos altamente calóricos, como forma de compensação para o estresse gerado naturalmente no corpo.
Embora os sintomas desagradáveis da fase lútea possam ser difíceis de lidar, um estilo de vida mais saudável, com exercícios e refeições menos calóricas e ricas em nutrientes, pode ser um grande aliado para que possamos lidar melhor com essa fase sombria.
Entendendo o seu ciclo menstrual
O ciclo menstrual dura em torno de 28 dias, podendo variar de mulher para mulher. Em maior ou menor grau, todas estão suscetíveis aos hormônios e à forma como atuam em cada fase, tanto no corpo físico, quanto em nossa área psíquica.
Por conta disso, praticar o autoconhecimento e aprender a reconhecer seu comportamento em cada fase do ciclo menstrual é fundamental para ter os cuidados certos com a saúde mental.
A partir do momento que você for capaz de identificar em que fase do seu período menstrual está, você poderá se preparar e buscar alternativas, para que cada uma dessas fases hormonais não tome as rédeas do seu comportamento como um todo.
Uma boa dica é utilizar algum aplicativo (app) para smartphone que ajude a acompanhar seu ciclo. Existem diversos tipos de app de controle. Neles é possível anotar os sintomas a cada dia. Ou seja, marcar a data de início da menstruação e, com base nesses dados, ter acesso às possíveis datas de ovulação, fase lútea e pré-menstrual.
Dessa forma, logo você será capaz de reconhecer naturalmente seu comportamento e entender de onde vem o mau humor, a irritabilidade, a fadiga, podendo, inclusive, observar possíveis sintomas fora do comum para procurar um médico, se achar necessário.
Síndrome pré-menstrual: já ouviu falar em TDPM?
A síndrome pré-menstrual, chamada também de Transtorno Disfórico Pré-menstrual é um tipo de TPM potencializada, mas que apresenta sinais mais fortes de depressão. Tanto que a sigla é parecida e o D de "disfórico" incluído se refere ao sentimento contrário à euforia.
O TDPM atinge entre 7% e 10% das mulheres e pode ter consequências graves se não for reconhecido e tratado, já que traz uma combinação de sintomas físicos, emocionais e comportamentais que costumam surgir de uma a duas semanas antes da menstruação, dando a impressão de que o ciclo menstrual possui "duas TPMs".
A síndrome apresenta quase uma centena de sintomas, e entre os mais comuns estão: irritabilidade, depressão; ansiedade, fadiga, sensação de perda de controle, dificuldade de concentração, aumento de apetite com desejo maior por certos alimentos, seios doloridos e aumento de volume abdominal.
A principal causa da síndrome é a alteração na comunicação de certos neurotransmissores como a serotonina, por exemplo. Juntos, esses sintomas e a forma severa como se manifestam podem atrapalhar completamente a vida da mulher que sofre com TDPM.
Nesses casos, o tratamento médico é indispensável, assim como a psicoterapia . Poderão ser ministrados contraceptivos orais, analgésicos, suplementação de vitaminas e minerais e, principalmente, antidepressivos e ansiolíticos .
Mudanças na alimentação e a prática de atividade física são altamente recomendadas e necessárias, pois ajudam a regular os hormônios e os neurotransmissores que esteja apresentando alteração.
De toda forma, consultar regularmente o ginecologista e fazer um acompanhamento psicológico são atitudes fundamentais para controlar o ciclo menstrual e não permitir que ele controle sua vida!
*Tatiana Pimenta é CEO e fundadora da Vittude, plataforma que conecta psicólogos e pacientes. Faz psicoterapia pessoal há quase 7 anos, sendo apaixonada por psicologia e comportamento humano. Idealizadora do Consultório Virtual da Vittude.
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