quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Crianças com excesso de zelo podem ter mais dificuldade de adaptação

Redação

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), até 2030, a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro deve crescer em 64,3%, devido as mudanças culturais. No início dos anos 1990, essa parcela era de 56,1%. Com isso, muitas mulheres com bebês e crianças pequenas precisam tomar uma difícil decisão: com quem deixar os filhos?  Portanto, neste período de “afastamento”, é normal a criança sentir falta da mãe, ter medo e mudar o comportamento.

Segundo a psicóloga Elaine Di Sarno, qualquer excesso não é saudável, tanto a falta de zelo como o excesso dele | Foto: Divulgação 
Algumas mulheres preferem deixar com os avós, outras com babás, e há quem opte pela escola infantil. E é nessa fase que se inicia o “desgrude” da criança, o que nem sempre é fácil. Para o filho, a mãe representa nutrição, proteção, conforto, amor e carinho.

Excesso de proteção pode prejudicar a independência da criança
Segundo a psicóloga Elaine Di Sarno - especialista em Avaliação Psicológica/Neuropsicológica e Terapia Cognitivo Comportamental -  crianças criadas com excesso de zelo podem ter ainda mais dificuldade de se adaptarem com a ausência da mãe. “Vale dizer que excesso de zelo é quando a mãe dá tudo o que o filho quer, tem dificuldade de dizer ‘não’ e de impor limites à criança. O carinho e a atenção dos pais são fundamentais, mas a falta de limites torna a criança mimada, insegura e irresponsável. Os filhos precisam entender, desde a infância, até onde podem ir, e que as cobranças fazem parte da vida”.

De acordo com a psicóloga, é na fase pré-escolar (2 a 6 anos) que a criança começa a explorar mais o mundo, e sente curiosidade em descobrir coisas novas, o que faz com que ela possa assumir riscos. Esses riscos devem ser supervisionados, mas permitidos, desde que não envolva situação de risco real. “Isso é importante para que a criança tenha iniciativa e independência. Se cada vez que ela ouvir ‘deixa que eu faço’, ‘você não vai conseguir fazer sozinho’, ‘você é pequeno demais’; sua capacidade de evoluir e de ter interesse por novas descobertas será totalmente inibida”, explica Elaine.

Com o tempo, isso pode levar a criança a ser mais tímida, mais medrosa e achar que as coisas só darão certo se a mãe estiver por perto. A psicóloga afirma que, muitas vezes, a mãe não percebe essa dependência que ela mesma criou.

Como deixar seu filho mais seguro
A mãe pode ir preparando a criança desde cedo, mostrando que outras pessoas também são capazes de cuidar dela. Deixe-a mais tempo com os avós ou com os padrinhos, e aproveite para passear um pouco, se cuidar, sair com os amigos e até ter um momento a sós com o marido. Com o tempo, a criança vai perceber que a mãe se ausenta, mas volta, e será benéfico para todos. De acordo com Elaine, ao sair, sempre se despeça e explique que vai voltar. Se você for embora sem falar com seu filho, ele não entenderá, e isso pode gerar insegurança e perda de confiança.

“Mesmo que seja um bebê, converse com ele. Diga que precisa ir trabalhar ou fazer alguma coisa na rua, mas que irá retornar. Quando deixar a criança na escola ou com outra pessoa, não demonstre tristeza ou angústia. Qualquer sentimento que você tiver irá transmitir ao seu filho. Portanto, seja firme. Diga que o ama, que ele ficará bem e que mais tarde irá buscá-lo”, orienta a psicóloga.

Uma dica importante para estimular a independência da criança é fazer com que ela valorize o seu próprio espaço, ou seja, é importante deixar claro que ela tem, por exemplo, a própria cama, o quarto e os objetos. “Concessões podem ser feitas, como dormir uma noite ou outra com os pais. Mas é fundamental que ela já comece a ter noções de discernimento, e entenda que certas coisas não podem ser feitas sempre que ela tiver vontade”, orienta a especialista. 

Outra boa dica, segundo Elaine Di Sarno, é incentivar a realização de tarefas que ela já possa fazer sozinha, como escovar os dentes, se vestir e tomar banho. Peça ajuda em funções que sejam apropriadas à idade dela, seja arrumando a mesa, guardando os brinquedos, regando as plantas, dando comida ao cachorro, entre outras. Isso ajudará no seu desenvolvimento. Para a psicóloga, a criança muita ociosa tende a demandar mais a atenção dos pais, além de se tornar preguiçosa.

“Se ela estiver com receio de realizar alguma tarefa, primeiro entenda a razão deste medo e a encoraje a enfrentar a situação. É importante que a criança já saiba que virão outros medos ao longo da vida, mas que ela esteja preparada para encará-los e tentar superar”.

Em suma, qualquer excesso não é saudável, tanto a falta de zelo como o excesso dele.


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