quinta-feira, 23 de maio de 2019

Espetáculo “Alfaces” aborda o papel insosso reservado às mulheres no mundo contemporâneo

Redação

A Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, sedia a estreia do espetáculo “Alfaces” na próxima segunda-feira (27), às 20h.   O destino das protagonistas da peça, da Coletiva Olivias, que nasceu no Departamento de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo (USP), é um improvável paraíso tropical. Lá, cada uma delas terá um "kit praia" para desfrutar do tempo inútil que lhes resta de vida.

Peça fica em cartaz até 12 de junho, sempre às segundas e quartas-feiras | Foto: Anna Talebi

Então, a comédia trágica, com toques de teatro do absurdo, é protagonizada pelas autoras e atrizes Gabrielle Távora, Marina Meyer e Paula Halker. No enredo que parece uma temporada de férias, essas ex-colegas de trabalho com nomes de flores não escapam ao pacote para mulheres vencidas: "Para você, mulher fora de época, ser feliz respeitando as nossas normas de conduta".

Com uma atmosfera surrealista, mas em que situações muito concretas do mundo contemporâneo se colocam, e sob o ponto de vista feminino, o espetáculo pretende desvendar as implicações sociais do sentimento de fracasso e sua relação com o machismo. Daí a imagem condensada no título da peça: a alface como símbolo da vida insossa, inerte e devotada a padrões inalcançáveis de beleza e de conduta.

 "Friccionamos os materiais de várias formas e o público vai contar a história com a gente", explica Marina, sobre a dramaturgia, criada coletivamente a partir de experiências pessoais e também referências literárias e cinematográficas, como o livro O Mito da Beleza, de Naomi Wolf, e os filmes O Pântano, de Lucrecia Martel, e O Lagosta, de Yorgos Lanthimos.

Essa concepção horizontal de criação se estende à direção do espetáculo, que também é coletiva, e tem a orientação de Priscilla Carbone, cuja pesquisa de linguagem inspirada no filme As Pequenas Margaridas, da cineasta tcheca Věra Chytilová, aposta em recursos como a sobreposição de imagens e a colagem de cenas aparentemente sem ligação entre si.

Para essas atrizes-criadoras, depois de tantas discussões sobre gênero, as forças hegemônicas - majoritariamente masculinas - ainda preferem que as mulheres sejam "belas, recatadas e do lar". Ao exacerbar nas personagens essa existência apática, Alfaces a subverte.

A Oficina Cultural Oswald de Andrade fica na Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, em São Paulo.
Obs.: acessível às pessoas com deficiência. O espetáculo fica em cartaz até 12 de junho, às segundas e quartas-feiras, sempre às 20h.

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