Ao longo da história do mundo ocidental, coube aos homens os papeis principais nas decisões de mercado, sejam os senhores feudais na Idade Média ou os donos das grandes fábricas que surgiram na Revolução Industrial. Por um longo período, mitificaram a ideia de que a mulher não teria as capacidades necessárias para ocupar cargos estratégicos e, por isso, elas acabaram sendo deixadas de lado em momentos de grandes decisões.
"O triunfo da liderança feminina alcança, também, chefias de Estado, como é o caso da chanceler alemã Angela Merkel", comenta a head trainer, Patrícia Lisboa | Foto: Beth Freitas |
Essa cultura ficou tão enraizada que se instalou entre as próprias mulheres, fazendo-as acreditar que cabia a elas somente funções coadjuvantes em vários cenários, principalmente na política e na economia.
Nos últimos anos, esses paradigmas vêm sendo desconstruídos. Mulheres começaram a ocupar cargos políticos, assumiram direções de multinacionais e passaram a alterar as estatísticas.
O resultado desse protagonismo maior na estruturação da sociedade, atingiu impactos além dos sociais. Segundo estudo, realizado em 2018 pela empresa de consultoria estadunidense McKinsey & Company, companhias que possuem, pelo menos, uma mulher em seu time de executivos são mais lucrativas.
A pesquisa sobre diversidade comparou os gêneros dos funcionários e os dados financeiros de 700 empresas de capital aberto de seis países latino-americanos, sendo eles: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Panamá e Peru. Só nas matrizes brasileiras foram analisadas 300 organizações.
Este cenário mostrou que quando as mulheres ocupam cargos de liderança, as empresas têm 50% a mais chance de aumentar a rentabilidade e 22% de crescer a média da margem Ebitda (indicador financeiro que apresenta quanto uma empresa gera de recursos, por meio de suas atividades operacionais, sem contar impostos e outros efeitos financeiros). E, 64% das instituições que possuíam mulheres em cargos executivos, entre 2014 e 2018, subiram a mediana da margem Ebitda em comparação com 43%, que não possuíam mulheres nesse posto.
Além de quebrar barreiras históricas, novas barreiras também estão sendo superadas. Durante muito tempo os campos automobilístico e tecnológico, por exemplo, foram definidos como campos masculinos. Mary Barra e Paula Belliza ilustram a desconstrução desse preconceito.
A norte-americana Mary foi a primeira mulher a se tornar CEO de uma montadora global. Com treinamento especializado e muita dedicação, ela fez história na direção da General Motors. Em reconhecimento dos seus feitos, em abril de 2004 a executiva saiu na capa da Times, listada como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Já na área da tecnologia, o destaque foi para a angolana Paula Bellizia. Em julho de 2015, ela assumiu a presidência da Microsoft Brasil. Após três anos e meio liderando com sucesso, foi promovida a vice-presidente de Vendas, Marketing e Operações da Microsoft América Latina.
O triunfo da liderança feminina alcança, também, chefias de Estado, como é o caso da chanceler alemã Angela Merkel. Desde 2005 no cargo de líder do executivo do país. A Alemanha foi o principal PIB (Produto Interno Bruto) da Europa, variando entre a terceira e a quarta posição do mundo. O país hoje é a maior referência na produção de engenharia, sendo o principal produtor de turbinas eólicas e tecnologia de energia solar do mundo.
Tantos nomes e os números mencionados comprovam como a mulher contribui para o crescimento e a inovação em qualquer área. Principalmente quando ela acredita em seu potencial, descobre o que pode ser aprimorado em si mesma independente de gênero e investe em seu desenvolvimento contínuo.
*Patrícia Lisboa é head trainer e hacker comportamental.
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