O sonho do "viveram felizes para sempre" esteve muito associado às mulheres ao longo do tempo, mas a realidade mostra uma outra história: são elas quem mais entram com o pedido de divórcio na Justiça. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a diferença é grande. Os últimos dados disponíveis mostram que elas fizeram essa solicitação mais de 13 mil vezes no último ano, enquanto eles foram responsáveis por pouco mais de 5 mil pedidos. Nos Estados Unidos, a situação é igual: pesquisa da Stanford University aponta que as mulheres dão início a 69% dos pedidos de divórcio, contra 31% dos homens.
No Brasil, de acordo com dados do IBGE, o número de divórcios cresceu mais de 160% na última década | Foto: Freepik |
Para a advogada especializada em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões, Debora Ghelman, os números, na verdade, refletem a evolução na conquista de direitos da mulher. "Não existe mais aquele estigma de antigamente, da mulher desquitada. As leis foram evoluindo muito. Antigamente, era necessária a prova de culpa como, por exemplo, uma traição, e só podia divorciar uma vez na vida. A mulher tinha menos controle sobre si e, com o tempo, as coisas foram mudando e elas passaram a ter mais atitude nesse momento", comenta.
A facilidade para entrar com o pedido também se tornou um grande encorajador, aponta a especialista. "Acredito que há uma série de motivos para esse fenômeno, inclusive o fato de que atualmente não é necessária a prévia separação de um a dois anos para entrar com o pedido de divórcio, prazo exigido antigamente. Agora, em casos sem filhos menores e consensuais, basta ir ao cartório", comenta.
Pesquisas indicam que uma possível razão para as mulheres estarem mais infelizes nos casamentos é que a instituição ainda privilegia os homens. A mulher continua assumindo mais funções do que eles dentro casamento, sendo responsáveis não só pelo seu trabalho, mas também pela parte doméstica, dos filhos e até do marido.
Outro fato que contribui para os casais que têm filhos é também a mudança de parâmetro na Justiça, que determina a guarda compartilhada como princípio. "Antes, automaticamente a mulher ficava com os filhos, o que também era uma forma de sobrecarregá-la", afirma a advogada.
No Brasil, de acordo com dados do IBGE, o número de divórcios cresceu mais de 160% na última década. Segundo os estudos, que datam de 2014, foram homologados 341,1 mil divórcios, um salto significativo em relação a 2004, quando foram registrados 130,5 mil divórcios.
Plano de divórcio é importante
O tempo entre a decisão de se separar e o pedido do divórcio costuma ser de um ano e meio, afirma a advogada. Com isso em mente, Debora recomenda que as mulheres que estão pensando na separação devem elaborar um plano para que o momento seja o mais rápido e indolor possível.
"O divórcio já é um grande desgaste emocional. Ainda mais se há disputa de guarda. Então, eu sempre sugiro que a pessoa, quando toma essa decisão, busque primeiramente um advogado para ouvir seus anseios e vontades antes de comunicar ao cônjuge. Dessa forma, o desgaste tende a ser menos traumático, fazendo com que todos possam seguir com a sua vida. Afinal, casamento tem de ser fonte de felicidade e não de tristeza e frustração", finaliza.
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