terça-feira, 29 de outubro de 2019

Ambiente de trabalho pode ser gatilho para transtornos mentais

Redação

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças e transtornos mentais afetam mais de 400 milhões de pessoas no mundo. Cerca de 75% a 85% das pessoas que sofrem desses males não têm acesso a tratamento adequado, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A neuropsicóloga Marcella Bianca Neves, do Instituto do Cérebro e membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNP), alerta que as doenças mentais mais comuns que estão relacionadas ao ambiente de trabalho são depressão, transtorno de pânico, ansiedade e síndrome de Burnout.

Jornadas intermináveis, cobrança desenfreada, falta de reconhecimento, metas abusivas, suportar desaforos e não conseguir impor limites são algumas situações que favorecem o esgotamento emocional | Foto: Freepik

Então, a solução para os transtornos mentais vai além de oferecer medicamentos e internação. "O acompanhamento psicológico frequente é fundamental para uma vida mais saudável e produtiva. Precisamos repensar as questões do suicídio, da medicalização e do aumento de cerca de 500% no consumo de Ritalina, nos últimos anos. Temos que mudar o paradigma de que a psicoterapia serve apenas para pessoas com graves problemas psicológicos. A psicoterapia é fundamental para todas as pessoas e cuidar da saúde mental não é frescura".

A especialista destaca que alguns estudos provam que o trabalho está totalmente associado ao estado emocional das pessoas, pois jornadas intermináveis, cobrança desenfreada, falta de reconhecimento, metas abusivas, suportar desaforos e não conseguir impor limites são algumas situações que favorecem o esgotamento emocional. "Uma pesquisa realizada pela Universidade Nacional Australiana concluiu que ter um emprego estressante é pior para a saúde mental dos indivíduos do que não ter emprego. Segundo o artigo, os profissionais desempregados estavam em melhores condições do que aqueles que se sentiam sobrecarregados, inseguros e mal remunerados", comenta.

Muitos pacientes relatam ter insônia, acordar mais cedo do que o habitual, apresentar dor de cabeça constante, mau humor, desânimo, cansaço excessivo, falta de concentração, angústia quando o domingo termina, mal-estar e aperto no peito.

Segundo a neuropsicóloga, o estilo de vida pode desencadear os transtornos mentais, com isso, é importante desenvolver estratégias: “Como reconhecer que os pensamentos e sentimentos são apenas pensamentos e sentimentos - e não fatos; buscar auxílio especializado; manter o local de trabalho organizado; fazer pausas; procurar o autoconhecimento; desfrutar de momentos de lazer com amigos e familiares e aprender a separar o trabalho do cotidiano", finaliza Marcella.

No Brasil, a estimativa é de que 23 milhões de pessoas passem por tais problemas, sendo ao menos 5 milhões em níveis de moderado a grave.

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