quinta-feira, 6 de junho de 2019

Sequestro da amígdala: como esse processo impacta no seu autodomínio

*Por Vivian Wolff

Você sabia que possui dentro do seu cérebro um detector de ameaças? Esse radar recebe o nome de amígdala, grupo de neurônios cuja estrutura implica na manifestação de reações emocionais. Sendo o responsável pelo nosso modo de defesa, de lutar ou fugir, está intimamente relacionado com nossas reações, e é o ponto de disparo para emoções como raiva, medo ou impulso.


A amígdala funciona mais ou menos assim: ao detectar uma ameaça, ela entra em alerta e domina o resto do cérebro, principalmente nosso córtex pré-frontal, região onde residem as capacidades de resolver problemas, controlar nossos impulsos e nos relacionar bem com os outros. É o que os cientistas chamam de “sequestro da amígdala”.

Quando entramos nesse modo de interação cerebral dominada, todos os nossos recursos estão focados em avaliar o que é mais importante para superar essa ameaça. Para todo o resto, sobra apenas baixa velocidade cognitiva: perdemos a concentração, nos tornamos reativos, os fatos parecem distorcidos e ficamos mais limitados em nossas ações. Fugir de um tubarão em alto mar é uma questão de sobrevivência. Mas se você tem um colega de trabalho que vive te sabotando, sua amigdala entende que ele é uma ameaça.

Um dos pontos mais importantes para evitar o sequestro da amígdala e nosso consequente comportamento negativo é identificar os gatilhos que disparam nossa reatividade.

Daniel Goleman, phD em psicologia por Harvard e grande estudioso da inteligência emocional, aponta cinco principais gatilhos no local de trabalho:

1- Condescendência e falta de respeito;
2- Ser tratado injustamente;
3- Sentir-se desconsiderado;
4- Sentir que não é escutado e que não lhe prestam atenção;
5- Ficar submetido a metas irrealistas.

O que você pode fazer se notar que está envolvido em algum exemplo dos citados acima?

1- Mentalize alguns comportamentos-chave e auxilie seu cérebro a conseguir acessá-los mais facilmente quando necessário. Para isso, sente-se em algum espaço calmo, feche os olhos e se imagine vivenciando um momento de adversidade. Em seguida, imagine-se tendo um comportamento positivo, assertivo e desejável nessa situação. Registre esse comportamento e a emoção que vem junto em seu cérebro para que ele possa usá-lo quando precisar driblar a amígdala.

2- Tente agir com empatia. Escolha fazer daquele evento somente uma situação isolada e que não representa a totalidade da pessoa. Isso facilita a diminuição da exigência que temos para o outro e também do julgamento. (Vale a pena eu ficar nervoso e afirmar que o gerente é um irresponsável em tudo o que ele faz só porque chegou tarde nessa reunião?).

3- Aprenda a meditar. Além de ser um bom hábito para nos autorregular, pode acelerar nossa consciência e atenção para o momento presente e aumentar nossa capacidade de escolha em situações de estresse.

Colocar em prática nosso autodomínio e buscar uma visão clara da situação é um treino que requer esforço, mas é possível.   

*Vivian Wolff é coach de Vida e Carreira pelo Integrated Coaching Institute (ICI); formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC; com MBA em Marketing Estratégico pela University de Catalunya, Barcelona. 

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