sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Câncer de pulmão é o que mais mata no mundo

Redação

O câncer de pulmão é a neoplasia que mais mata ao redor do mundo, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). São 1,76 milhão de óbitos no mundo e 90% dos casos da doença são provocados pelo tabagismo, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Há 33 anos, o Ministério da Saúde instituiu o dia 29 de agosto como o Dia Nacional de Combate ao Fumo, com o objetivo de mobilizar e sensibilizar a sociedade a respeito dos danos causados pelo tabaco.

Cerca de 90% dos casos do câncer de pulmão são provocados pelo tabagismo | Foto: reprodução 

Apesar de o Brasil ter implantado as seis medidas estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle do tabagismo, cerca de 12% da população do País ainda é fumante. Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2018), do Ministério da Saúde, mostram que só em São Paulo, 15,6% dos homens e 9,8% das mulheres são fumantes.

De acordo com o oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Carlos Henrique Teixeira, cerca de 70% dos cânceres de pulmão são diagnosticados em estágio avançado, ou localmente avançado, ou seja, quando a cirurgia deixa de ser curativa. O especialista afirma que o diagnóstico em estágios iniciais pode ser incrementado através de programas de rastreamento. Esta detecção mais precoce e anterior ao início de algum sintoma pode resultar em 20% de redução de mortalidade pelo câncer de pulmão, conforme estudos mais recentes. 

"Ações educacionais para conscientizar as pessoas a não fumar são fundamentais, assim como a ampliação dos programas de rastreamento de nódulos potencialmente malignos em fumantes ou ex-fumantes com risco elevado para o câncer de pulmão. Esse risco é calculado a partir da carga tabágica do paciente", diz. O especialista recomenda que fumantes, com idade entre 55 e 74 anos, que consumam um maço de cigarros por dia ao longo de 30 anos ou dois maços/dia ao longo de 15 anos, devam realizar tomografia de baixa dose radiativa anualmente e, assim, aumentar a detecção precoce de nódulos pulmonares.

"O diagnóstico tardio, quando o paciente já apresenta focos da doença em outros órgãos ainda é uma realidade, isso reduz as chances de cura. É preciso estimular a investigação precoce como fazemos em câncer de mama, colo de útero próstata e intestino".

Estudos multicêntricos comprovaram que a tomografia para detecção da doença em fase inicial diminui a mortalidade de pacientes. Um deles, o estudo holandês-belga, chamado “Nelson”, apresentado na IASLC - World Conference on Lung Cancer 2018 mostrou que, em 10 anos de acompanhamento de 15,7 mil indivíduos, o rastreamento anual do câncer de pulmão com tomografia de baixa dose, em pacientes de alto risco, reduziu as mortes por conta da doença em 26% nos homens e até 61% nas mulheres.

Atenção aos sintomas
A confirmação de câncer de pulmão requer um diagnóstico patológico, feito por meio de biópsia da lesão, no entanto, Teixeira chama a atenção para os principais sintomas que, em geral, são o motivo da consulta ao especialista: tosse que persiste por mais de duas semanas, catarro com sangue, falta de ar, rouquidão, pneumonias de repetição, emagrecimento e dor torácica.

Tratamento 
Segundo Teixeira, o tratamento mais adequado para nódulos de pulmão requer atendimento multidisciplinar, com médicos oncologistas, pneumologistas, cirurgiões de tórax, radioterapeutas, nutricionistas, fisioterapeutas e radiologistas. Quando a doença está ainda localizada no pulmão, a conduta pode envolver cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia.

Terapia-alvo e Imunoterapia são as mais recentes e bem-sucedidas opções para o tratamento do câncer de pulmão avançado. A terapia-alvo é indicada para um grupo específico de pacientes portadores de mutações que guiam o desenvolvimento do câncer; bloqueando estas alterações consegue-se frear a replicação das células malignas.

Já a imunoterapia tem por finalidade reativar o sistema imunológico do paciente e, então, combater as células metastáticas. De acordo com o especialista, cerca de 18% a 20% dos pacientes podem se beneficiar a longo prazo deste tratamento. A sobrevida em cinco anos está começando a virar realidade em câncer de pulmão comenta o especialista. Teixeira afirma ainda que tanto a terapia-alvo como a imunoterapia vem sendo testada em estágios iniciais de câncer de pulmão, o que pode trazer outra revolução no tratamento deste tipo de câncer.

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