quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Oito em cada dez brasileiros querem adotar mais práticas de consumo colaborativo

Redação

Um levantamento realizado em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que, em um ano, aumentou de 68% para 81% o número de brasileiros que estão dispostos a adotar mais práticas de consumo colaborativo, nos próximos dois anos, percentual que se mantém parecido em todas as faixas etárias e classes sociais.

Para 61% dos brasileiros o coworking é o modelo compartilhamento, que as pessoas mais têm interesse em experimentar | Foto: Freepik

No geral, 74% das pessoas ouvidas já utilizaram ao menos uma vez, ainda que sem frequência definida, alguma modalidade de consumo colaborativo. Para muitos, o consumo compartilhado é um caminho sem volta: 88% dos entrevistados acreditam que essas práticas ganha espaço na vida das pessoas. E essa mudança de paradigma é impulsionada, principalmente, pelas novas tecnologias. Para 85%, a internet e as redes sociais contribuem para o desenvolvimento de confiança entre os envolvidos nesse tipo de prática.

Na avaliação do educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, a sociedade está, gradativamente, se reinventado em direção a um modelo mais sustentável. "A economia compartilhada une dois propósitos, que é fazer o orçamento render e contribuir para um mundo melhor, a partir do uso racional de bens e serviços. A internet ampliou exponencialmente esse movimento, colocando essas pessoas em contato por meio de sites e aplicativos. Ao mesmo tempo em que parece inovador, consumir de forma compartilhada é uma volta às origens. Bem antes da invenção do dinheiro, era pelo escambo que as pessoas obtinham diversos itens”, relembra Vignoli.

Itens compartilhados
De acordo com o levantamento, as modalidades de consumo colaborativo com maior potencial de utilização, ou seja, aquelas que os brasileiros mais reconhecem que poderiam experimentar no futuro, são o coworking, que consistente no compartilhamento do espaço físico de trabalho (61%), o aluguel ou troca de brinquedos (59%) e a hospedagem de animais de estimação na casa de terceiros (59%).

Entre os que já são adeptos de alguma prática, as mais comuns são as caronas para ir ao trabalho, faculdade, passeios ou viagem (42%), o aluguel de residências para curtas temporadas (38%), além do compartilhamento e da locação de roupas (33%).

No geral, 91% dos usuários se dizem satisfeitos com relação às práticas de compartilhamento que já utilizaram. Além disso, a maioria (70%) dos entrevistados já refletiu sobre o tamanho da economia, que a prática possibilita, sendo que 40% consideram grande os recursos poupados.

A internet (55%) e as redes sociais (48%) foram os meios que mais contribuíram para que os interessados conhecessem melhor as práticas de consumo colaborativo. Há ainda um número relevante de 37% de pessoas que contaram com a recomendação de amigos e conhecidos.

 "A economia colaborativa fortalece o senso de comunidade, contribuindo para um estilo de vida mais sustentável. Trata-se de uma relação de benefício mútuo, em que ambas as partes envolvidas na negociação obtêm algum tipo de retorno, seja o lucro financeiro, a economia de recursos ou a satisfação de uma necessidade", analisa o educador financeiro Vignoli.

Economia é o que mais atrai adeptos
A pesquisa mostra que 98% dos brasileiros, sejam eles adeptos ou não, enxergam alguma vantagem na prática do consumo colaborativo, sendo que as principais são a oportunidade economizar dinheiro (45%), evitar o desperdício (44%) e diminuir o consumo excessivo (43%). Outros aspectos positivos são poupar energia e recursos naturais (34%) e poder ajudar outras pessoas (33%).

Quando a pesquisa se detém às pessoas que já experimentaram alguma prática de consumo compartilhado, a chance de economizar dinheiro (57%) foi o que mais pesou na decisão pessoal delas. Outros 44% recorreram a economia colaborativa para contribuir com a sociedade e o meio ambiente, enquanto 33% queriam ajudar as demais pessoas e 29% economizar tempo.

Barreiras
O crescimento do consumo colaborativo no Brasil, contudo, ainda enfrenta barreiras. Na avaliação dos entrevistados, as principais são a falta de confiança entre as pessoas e o medo de serem passados para trás (45%), a falta de informação (43%), o perigo de lidar diretamente com pessoas estranhas (38%) e a ausência de garantias em caso de não cumprimento do acordo (33%).

Além disso, nem sempre é uma tarefa simples compartilhar roupas e outros itens de uso pessoal, assim como a moradia ou o espaço de trabalho com estranhos. São casos que exigem uma boa dose de desprendimento. No caso do consumo compartilhado, os maiores índices de rejeição, ou seja, aqueles itens que os entrevistados possuem, mas jamais dividiriam com outros, estão o compartilhamento de moradia, também conhecido como cohousing (41%), o aluguel de roupas (33%) e de residências para temporadas (32%).

Entre essa parcela que rejeita a possibilidade de compartilhar algum item pessoal, a pesquisa revela que o medo de lidar com estranhos é a principal barreira para dar caronas (42%), assim como para compartilhar o local de moradia (38%). O fato de não gostarem da sensação de dividir o próprio espaço com terceiros é também o que impede o compartilhamento de moradias (26%). Já o receio de que o bem emprestado seja danificado é fonte de preocupação no caso do aluguel de veículos (44%), bicicletas ou patinetes (40%). A incerteza de que as pessoas não devolvam o item emprestado é o que mais afasta as pessoas do aluguel ou compartilhamento de brinquedos (29%), por exemplo.

"O medo do desconhecido continua sendo um problema a ser superado na economia compartilhada, mas assim como a tecnologia proporciona a aproximação de pessoas, ela também vem se aprimorando no quesito segurança. Hoje, muitos sites e aplicativos deste mercado já contam com filtro de reputação, que avalia tanto quem presta o serviço quanto o cliente, seguindo uma série de atributos como pontualidade na devolução, cuidado na utilização, estado de conservação e pagamento. Trata-se de uma interação que exige uma confiança mútua", avalia Vignoli.

Produtos usados
Outro aspecto investigado pela pesquisa é o mercado de compra e venda de usados, que é uma alternativa para gastar menos ou ganhar uma renda extra. De acordo com o levantamento, em cada dez consumidores, seis (62%) compraram algum produto usado nos últimos 12 meses. Dentre esses clientes, a maioria (96%) ficou satisfeita com a compra.

Metodologia
A pesquisa ouviu 837 consumidores acima de 18 anos, de ambos os gêneros, de todas as classes sociais e que residem nas 27 capitais do país. A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos a um intervalo de confiança de 95%. a

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