A queda da temperatura no inverno causa algumas interferências diretas na saúde, especialmente sobre o sistema cardiovascular, o que inclui o funcionamento do coração. De acordo com a American Heart Association (AHA), entidade referência mundial sobre saúde cardiovascular, os quadros de arritmias cardíacas e morte súbita, infarto agudo do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC), o famoso derrame, crescem em até 25% durante esta época.
O arritmologista presidente da Sobrac, José Carlos Moura Jorge, explica esta situação. “Este crescimento se explica pelo aumento da pressão sanguínea e a vasoconstrição, processo que diminui o diâmetro das artérias e ocorre como uma resposta do organismo para compensar a perda de calor. Em alguns casos, esta atividade dificulta a circulação normal do sangue em determinadas regiões, gerando disfunções agudas do sistema cardiorrespiratório”.
Além disso, o especialista comenta que o frio ainda ativa os receptores nervosos da pele, desencadeando uma maior liberação de adrenalina, hormônio que contrai os vasos sanguíneos. A redução das vias de circulação sanguínea, mesmo pequena, pode provocar a rupturas de placas de gordura que irrigam o coração, e essa ocorrência leva à possibilidade de formação de coágulos - em razão de uma tentativa de equilíbrio natural feita pela concentração de proteínas e plaquetas presentes no sangue.
Todo esse processo, por fim, pode entupir as artérias e provocar um infarto. “Caso ocorra uma obstrução das artérias carótidas, que levam o sangue ao cérebro, podemos ainda ter um AVC”, pontua o especialista.
Outro fator preponderante neste contexto são regiões poluídas, em que o pulmão é sobrecarregado e altera a quantidade de oxigênio presente no sangue, o que consequentemente modifica a frequência cardíaca e propicia o aparecimento das arritmias, alterações elétricas responsáveis por distúrbios no ritmo das batidas do coração.
“Por este motivo, é preciso ter atenção e fazer algumas mudanças simples na rotina, especialmente se o indivíduo em questão já tem doença cardiovascular ou histórico na família. Neste momento, é preferível andar sempre agasalhado e evitar esforços repentinos ou exercícios intensos ao ar livre, evitando além de prejuízos ao coração, a hipotermia. E esta é uma recomendação que vale de crianças e idosos, até mesmo atletas de alta performance”, relata Jorge.
O médico listou abaixo mais cinco dicas para cuidar do coração durante o inverno:
1. Apesar da tentação, evitar alimentos muito calóricos e gordurosos, que atuam diretamente no espessamento do sangue e, assim, facilitam o entupimento das veias e dificultam a circulação do sangue;
2. Praticar atividades físicas moderadas, sob a supervisão de um profissional, ajuda a fortalecer o sistema imunológico e combate doenças cardiovasculares;
3. Controlar a pressão arterial frequentemente, a fim de detectar alterações e, ao menor risco, procurar um especialista;
4. Realizar consultas e exames preventivos com um cardiologista, a fim de identificar eventuais problemas e iniciar um tratamento seguro e efetivo;
5. Em casos de portadores de arritmias cardíacas, manter a doença controlada.
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